sábado, 12 de outubro de 2013

Meu tempo de reincidência.

Aquele cheiro tem invadido minha rotina.
Nos momentos menos oportunos, lá está ele, entrando pelas narinas, alcançando minhas massa encefálica sem ao menos pedir licença, sem pudor. Alarmada, perco a fala e tento entender o que é aquela sensação. Quando vou ver, ele já foi embora.
Um vento bate e logo o traz de volta. Olho para os lados: de onde vem esse cheiro? Não é das pessoas ao redor, não é da comida ou do cigarro. Nada adianta, ele já passou.
E sempre que vem, vem com ele o aperto no peito que, bem ou mal, dá aquele furacão de sentimentos e sensações que as palavras nunca puderam conter.
Por vezes me pego a pensar no cheiro e nada dele vir. É sempre quando menos espero. Assim, de supetão, um soco no nariz, daqueles de deixar tonto.
As pernas bambaleiam e o coração vem até a boca, querendo fugir! Mas o que pode ser isso? Que cheiro é esse? O que traz consigo é o inenarrável, o inexorável, o imprescindível, o inesquecível. Do tipo que a gente sabe que é, mas não sabe o que.
Conecto-o a pessoas, momentos, objetos, lembranças. Nada, nem pista.
Às vezes quando mordo um pedaço da fruta mais fresca o cheiro vem, invade minha mordida, me tira o gosto da fruta e me embrulha o estômago.

Peço ao dono do cheiro que venha buscá-lo. Tem dado-me muito trabalho, maus dos bons momentos.
E se for pra vir, peço que venha com tempo, tome um café e coma uma torta. Se quiser, tem lugar na garagem para o seu carro passar a noite. Assim conversamos com calma, tiro minhas dúvidas, suas roupas. Se convir, tiro até aquele vinho que envelhece mais no meu barzinho do que o fizera na adega.

Com um pouco de calma, podemos eliminar os vestígios do passado, mas o cheiro que lembra sempre será lembrado.
E eu aqui, tentando entender o que me faz ser algo de
diretamente oblíqua.

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