terça-feira, 28 de julho de 2020

Diário de Quarentena #13 Amores Ceifados

Incansáveis seres
Que incontáveis vezes
 Fecharam as portas
Abriram janelas pra rua

Pra ver os fardados
Vendendo suas lidas
Armados com farsas
Atiram pra cima

Incansáveis vezes
Que incontáveis seres
Se aglomeraram, dormiram
No trem, no metrô

Pra ir e voltar
De onde não se sabe
Com medo e sem ter
Consciência, maldade

Tem vezes
Que olhar para o céu... Dói
Porque penso em quantos de nós
Estão tão sós, a sós

Achando
Possível um novo normal
Errado é quem escolhe parar
Em nome do lucro global!

E os grandes
Que querem provar seu valor
Devoram a carne e o pavor
De quem não consegue falar

Um corpo
Na rua largado a sangrar
Alguém o espera voltar
A mãe, agiota ou amor

Incansáveis flores
Que procuram luzes
Pra brotar no asfalto
Ainda que vão lhe pisar

E com suas raízes
Mantém-se no chão
Que se asas tivessem
Podiam voar.

Incontáveis luzes
Brilham nesses morros
De gente que evita falar
Que abaixa a cabeça ao passar
Porque não se sabe
O que as paredes ouvem
E as vozes que dizem
Melhor se calar

Amores ceifados, adeus!

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