quarta-feira, 4 de julho de 2018

Neymar 2018

Vejo bandeiras do Brasil na favela.
Flâmula esverdeada, deveria estar mais sépia, mais séria, mas fica ali estrelada.
O jogo mesmo pouco importa. Até vejo, mas meio de lado, enquanto trabalho no meu computador no sofá da sala. Todo mundo fica junto quando tem jogo do Brasil. Mesmo que cada um no seu mundo, compartilham, por um segundo, a alegria de ver o time entrar em campo.
Uma alegria por vezes forjada. A televisão tem essa função, torcer o pano até sair água, torcer a dor como se fosse nada.
Muita gente não trabalha, aqui é Brazil! 40 horas semanais, hora extra, 3 a 4 horas por dia no transporte, engole alguma coisa antes de sair de casa e quando chega não tem merenda, as crianças estão com fome. O dia do jogo é dia de lavar a casa, botar o colchão no Sol, dormir o dia inteiro, sabe lá como cada um aproveita a folga. E quando escuta uma gritaria vinda da sala ou da rua, corre pra olhar do canto...
Vai Neymar! Cada gol que você faz eu me aproximo mais do descanso merecido e vilipendiado e vibro, só de pensar em não enfrentar o ônibus lotado.
É gol! GOOOOOOLLLLL! Final do segundo tempo... 5,4, 3, 2, 1! Ganhoooouu! A comemoração dura alguns segundos e se acaba, voltemos a cuidar de casa, mas agora alegre, planejando o próximo feriado.

Esquecemos porque nos permitiram esquecer a crise, o mensalão, petrolão, metrolão e a prisão. Como se fosse óbvio, eu não nem me lembrava mais do helicóptero. Pra frente Brasil!

Agora que sei que não me aposento viva, aproveito cada segundo de descanso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog