quarta-feira, 25 de abril de 2018

A vida emboscada


Quando nasce uma criança
Há um bosque a desvendar.
Anda por entre as árvores
Com os olhos a buscar


Tira rabo de lagartixa
Corre, pula, imita pato
Cava um monte de buraco
Só pra ver o que não tá.

Quando chega a juventude
Bate um vento na clareira
É o amor que se confunde
Com a flor da goiabeira

E as frutas mais vistosas
Caem com cores vermelhas
São tiês de lindas penas
Aprendendo a voar.

Ah! se eu pudesse voltar atrás
Do meu bosque teria cuidado
Não deixava nenhum muriqui safado
Fazer arruaça lá

Vida adulta vem trazendo
O outono e a liberdade
Com alguma malandragem
Do saruê e do carcará

Traz também a calmaria
De se ver pelo reflexo
Das correntes de água fria
Que correm do rio pro mar

Quando chegar a velhice
Não sei se vou estar
Na mesma pieguice
Que agora me sinto bem

Quanto mais o cabelo embranquece
Mais calma e tranquila me faço
Canto como se fosse um sorriso
De um dia comum do sanhaço.

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