quarta-feira, 26 de junho de 2013

Tudo meio... E a juventude evapora.

Como um dia comum, lavei as roupas e as fui estender no varal. Enquanto o fazia, pensando em que quantidade de feijão colocaria para cozinhar antes do almoço, senti o seu cheiro.
De supetão, como um soco no nariz, como se você estivesse ali, atrás de mim, me ajudando na tarefa. Cheguei a pensar em olhar para trás, mas aquilo não fazia sentido.
Procurei se havia alguma roupa que houvesse ficado ali por todos estes anos e eu nunca tivesse recolhido e você nunca tivesse sentido falta. Nada.
Tentei cheirar minha roupa, talvez fosse isso, mas nada também.
Comecei a me lembrar há quanto tempo você foi embora, há quanto tempo aquele varal era mais meu do que seu. Pensei também quantas outras pessoas já o usaram. Pensei nele e em quanto tempo eu demorei para deixá-lo usar o varal.
Parece um triângulo, mas em nada se aproxima mais. Sequer tem ângulos: ângulos formam pontas que espetam e machucam, mas esses machucados não existem, já fecharam e agora podem ser linhas curvas, dias turvos, nada muito, tudo meio.
Não são também retas... Ah! A dureza das retas. Nada tem de retas.
Um ponto. Nada mais. Eu e eu.
Conveniente deixar seu cheiro, mas eu sei que não é tudo que você e as malditas pontas do passado deixaram.

Depois disso o dia ficou chuvoso e nublado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog