Não tem amigos, apenas os prematuros
companheiros de cena que passam, vão embora.
É certo que sempre levamos algo dos
outros e deixamos algo de nós, mas ele fez questão de passar
despercebido. Na verdade queria mesmo era deixar marcas profundas,
canções, palavras, mas tudo o que conseguiu foi alguns flashbacks
para quando vissem suas fotos.
E ai dele caso se deixasse entregar.
Fosse o que fosse, deveria manter a cabeça no lugar e não perder o
próprio eixo. Aquele eixo que tinha determinado como certo, como
seu, e que muitas vezes era tão torto que o fazia cair de cabeça e
quebrar uns dentes e ossos.
Os sorrisos nas fotos, os amigos quase
eternos e as lembranças tão insinceras.
O que podemos dizer acerca de seus
planos? Nada podemos.
Podre de rico, não fazia diferença se
ia, se ficava, se voltava. A sua riqueza estava no poder de sonhar
alto demais. Fazia do jeito que lhe convinha. Hoje queria campo, ia
pro campo. Depois queria praia, ia para a praia. Se amanhã
acordasse querendo ser astronauta, astronauta de si mesmo seria. O
que não se resolvia era a tal solidão.
Seus escritos, poucos que havia, eram
sua mais fiel companhia.
Perdeu tempo demais e quando foi ver,
já beirava os 30 sem nada construído ou desconstruído.
Quem mais o ensinou da vida havia sido
uma companheira e escrava. Suicídio e ressurreição. Esta aguentou e voltou com um coração
mais embalsamado e duro que qualquer múmia com as quais cruzamos por
aí. Valeu mesmo a pena que passou?
E assim foi deixando suas marcas
superficiais e ardidas, como uma ralada.
Era mesquinho da parte dela, mas sentia
pena dele. E uma enorme vontade de voltar no tempo e aproveitar
melhor cada momento em seus braços.
Mas aí já era tarde demais e,
enquanto um queria campo, o outro ainda estava querendo praia.
E a pessoa sozinha que é, a partir de
então continuaria sendo.
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