quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Campo e a Praia

Uma pessoa sozinha que é.
Não tem amigos, apenas os prematuros companheiros de cena que passam, vão embora.
É certo que sempre levamos algo dos outros e deixamos algo de nós, mas ele fez questão de passar despercebido. Na verdade queria mesmo era deixar marcas profundas, canções, palavras, mas tudo o que conseguiu foi alguns flashbacks para quando vissem suas fotos.
E ai dele caso se deixasse entregar. Fosse o que fosse, deveria manter a cabeça no lugar e não perder o próprio eixo. Aquele eixo que tinha determinado como certo, como seu, e que muitas vezes era tão torto que o fazia cair de cabeça e quebrar uns dentes e ossos.
Os sorrisos nas fotos, os amigos quase eternos e as lembranças tão insinceras.

O que podemos dizer acerca de seus planos? Nada podemos.
Podre de rico, não fazia diferença se ia, se ficava, se voltava. A sua riqueza estava no poder de sonhar alto demais. Fazia do jeito que lhe convinha. Hoje queria campo, ia pro campo. Depois queria praia, ia para a praia. Se amanhã acordasse querendo ser astronauta, astronauta de si mesmo seria. O que não se resolvia era a tal solidão.
Seus escritos, poucos que havia, eram sua mais fiel companhia.
Perdeu tempo demais e quando foi ver, já beirava os 30 sem nada construído ou desconstruído.
Quem mais o ensinou da vida havia sido uma companheira e escrava. Suicídio e ressurreição. Esta aguentou e voltou com um coração mais embalsamado e duro que qualquer múmia com as quais cruzamos por aí. Valeu mesmo a pena que passou?

E assim foi deixando suas marcas superficiais e ardidas, como uma ralada.

Era mesquinho da parte dela, mas sentia pena dele. E uma enorme vontade de voltar no tempo e aproveitar melhor cada momento em seus braços.

Mas aí já era tarde demais e, enquanto um queria campo, o outro ainda estava querendo praia.


E a pessoa sozinha que é, a partir de então continuaria sendo.

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