terça-feira, 13 de outubro de 2015

Sobre Portas Energéticas

 Imagine que a porta seja a possibilidade de relação entre nós e o outro. A profundidade da porta é a construção da relação com o outro (que pode ser uma pessoa, um grupo, uma instituição).

portas que abrimos por pura curiosidade.
O vento que passa pela porta no momento em que esta se abre é a energia que atravessa de nós para o outro, do outro para nós. Às vezes é tão equilibrado de um lado ao outro que nem percebemos a passagem energética. Outras parece um tufão que nos suga ou nos empurra. É o desequilíbrio energético da relação.

Cada porta que abrimos, só por abrirmos, nos deixa marcas. Umas sangram, outras não chegam a tanto. O que sangra prova ter vida, o que não sangra não deixa isso claro. De fato, toda porta aberta pode ser, intuitivamente, um convite de entrada. Claro que não é qualquer porta que podemos passar e cada uma é de um jeito, tem suas exigências.
Algumas são tão espaçosas que abrimos, entramos, construímos profundidades e podemos entrar e sair quando quisermos. Mas estas não costumam nos dar respaldo ou limites. Outras são tão apertadas que precisamos deixar muito de nossa bagagem (quase toda, ou as coisas que mais se avolumam). Estas são as mais brilhantes e atrativas energeticamente, mas exige de nós um imenso esforço para atravessá-las. Esforço esse que nem sempre estamos dispostos a realizar, e por vezes não temos coragem de fazê-lo.

Assim que aberta, a porta energética não tem profundidade. Esta vai sendo construída conforme a relação vai se dando. Uma ou outra pode, ocasionalmente, ter a sua profundidade construída muito rapidamente. Isso pode fazer com que o desejo de atravessá-la se quebre ou se torne em certa medida incontrolável. A partir deste ponto, não conseguimos mais concentrar-nos no caminho que vínhamos fazendo e em outras portas que porventura possamos ter atravessado ou aberto. De repente, toda nossa energia passa a ser atraída e sugada por aquela porta.

Esse movimento pode ser por duas causas: a porta, com sua profundidade, de fato suga nossa energia ou nós enviamos muitas energias para construir a profundidade da mesma (que pode ser uma fantasia, longe da realidade). Quanto mais nos empenharmos (às vezes incontrolavelmente) na atenção àquela porta, menos nos empenharemos no aprofundamento das portas que já tenhamos atravessado.

Abrir portas deve ser uma escolha razoável. Não é possível descobrir o que há atrás de uma porta sem antes abri-la (mesmo as que possuem olhos mágicos, trazem uma imagem distorcida). O mesmo se dá com a construção de sua profundidade. No entanto, devemos ter pés no chão ao realizar esta ação: abrir portas sem a ideia de manter um fluxo mesmo que temporário, é inconsequente e irresponsável. Isso porque todas as portas, depois de abertas, necessariamente nos desprendem alguma energia, o que faz com que estejamos nos desenergizando com isso, e podem ou não nos ceder energia. Quanto mais portas abertas, mais energia precisaremos para manter os fluxos que temos. Fechar portas que já foram abertas pode nos exigir um grande investimento energético a princípio, mas cessa o desperdício energético da porta na qual não queremos investir energia.

Criar a profundidade de uma porta pode ser como construir uma história real. Ela só se dá na relação e na vivência da mesma. A princípio, construímos histórias fantasiosas que vão se desfazendo com o passar do tempo. Isso pode se dar de maneira frustrante ou de maneira viva e prazerosa. Depende do tamanho dos castelos que construímos antes da real profundidade.

É importante lembrar que todas as portas são construídas por nós e para nós. Cada um tem suas portas e não necessariamente uma porta entre duas pessoas deve estar aberta para as duas. Por vezes apenas um abre e o outro pode nem perceber sua existência.

Enfim, sempre há tempo de abrir, fechar e atravessar seja qual for a porta. Por vezes ela se fecha na nossa cara, outras até mesmo se tranca. Devemos tomar o cuidado de não nos trancarmos para dentro de porta alguma e sabermos a hora de fechar uma ou outra.
Quanto mais demorarmos, mais tarde ficará e menos energia teremos para abrirmos, atravessarmos e fecharmos seja o que for. Quanto mais profunda a porta estiver, maior será o investimento energético para fechá-la.

Energia...
"Intermitente, inconstante, impermanente, igual..." a chuva de um dia desses.

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