São palavras apenas, tantas quantas podem caber em um pensamento bom.
Bom e aflitivo, dos que a gente não consegue conter quando precisa.
E não só as palavras, mas as imagens: os rostos, os sorrisos, as mãos, os dedos. Até mesmo aquela coisa das pernas e da preguiça de ir trabalhar de manhã. São lembranças mesmo? Às vezes parecem ser mais.
Aí as palavras vão se enchendo de ficarem presas dentro da cabeça e começam a correr, o que é ensurdecedor. Por vezes sublimam, em outras escapam por uma frestinha de cotidiano, mas o mais grave mesmo é quando nos fazem pegar o telefone ou a chave do carro e ir correndo atrás delas. Elas sempre vão para os lugares mais perigosos, nos pregam peças e surpreendem, às vezes pro bem, outras pro mal.
Dá vontade de deletá-las uma a uma como um arquivo de computador, mas elas sempre estarão lá no disco rígido, na cabeça dura, na mente fragilizada.
Quando dormem dão um sossego, o riso fica manso, a gente perde o desespero. Mas logo despertam e enchem tudo de novo com aquelas manias de descontrole e insanidade.
A gente tenta tratar bem: Calma palavrinha! Mas aí é que ela se rebela e vem pra boca, pros poros e nos fazem perder a hora para ficarem passando de nós para um ouvido qualquer que acham conveniente.
E o pior de tudo é que não têm bom senso e sempre vão para dos ouvidos o menos conveniente. Trazem lágrimas daqui ou dali, relembram passados bons ou ruins.
E agora elas estão loucas querendo correr para os braços de um outro tímpano, um outro alguém. Querem me deixar e, por mais que eu saiba que não consiga cuidá-las como precisam, também não posso deixá-las usarem-me para pular daqui pra lá.
Os sorrisos, os rostos, os dedos... Tudo convida, e não são só as palavras.
Qualquer hora um passarinho verde vai aí e te conta a verdade dos últimos tempos.
Enquanto isso eu tento me acalmar com outros artifícios.
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