Ah, se pudesse saber!
Se minha boca obedecesse
Se meu lábio não tremesse
Se eu pudesse descansar...
Se tivesse ainda unhas,
Roeria uma a uma
Até os dedos encarnados
Se esquecerem da lembrança
Se tivesse chocolate
Faria um brigadeiro
Comeria o prato inteiro
E choraria na balança
Se tivesse um passarinho
Tiraria da gaiola
Botaria em outro ninho
Para abrir suas asinhas
E cantar felicidade.
Das escolhas mais difíceis
Destaco um último açoite:
Um olhar que leva consigo
Os espasmos de tantas noites
E na garganta, o nó intranquilo
Impede a fuga do que apenas não deve:
De agora em diante, como seria?
Um outro gole ou a mesma agonia?
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