"O mundo começa agora! Apenas começamos!"

Estudava o dia todo, havia aberto mão das artes, da boemia, dos amigos. Tinha um único objetivo, do qual não abriria mão: entrar na faculdade. Entrou! Entraram. Ambos conheceram-se nos primeiros dias de aula. Ela fazia Administração, ele engenharia. Algumas disciplinas ela o ajudava, em outras, o contrário.

O tempo foi passando. Amizades, provas, bar, bebedeira, brigas, beijos, sexo, testes de gravidez. Amor, miojo e pão com manteiga. Café preto de manhã, à noite farinha. Branquinha, branquinha. E assim foi durante 5 anos de companhia e convivência.

No dia 27 de novembro de 2011, passaram no setor responsável da faculdade e pegaram um canudo. Ali estavam seus 5 anos de luta e glória. Aquela vontade de sair correndo pra vida, ao mesmo tempo de se agarrar ao tempo que não voltaria mais.

Encontraram um apartamento em São Paulo: lá teriam bons empregos, mobiliaram tudo nos conformes: sala com sofá e televisão, quarto com cama, guarda-roupa e criado mudo. Tudo branquinho! Um futuro os espera.

Buscaram e encontraram empregos nas suas áreas. Trabalharam com aquilo que queriam. Ele tinha secretárias, ela tinha clientes. As secretárias aliviavam a tensão, os clientes a presenteavam com bombons, flores e jantares. Às escuras. À noite dormiam pesado um ao lado do outro, o dia havia sido cansativo, mas os zeros antes da virgula aumentaram durante toda a temporada. Suficiente para comprar os calmantes e os estimulantes da libido, de apetite, de convivência.

No dia 20 de dezembro de 2012, às 11:30 da noite, ouviram fortes trovões anunciando uma grande tempestade. Uma tempestade quente, escura: uma linda chuva de meteoros. Enquanto os loucos e "bicho-grilos" saíam para ver a bela, triste e esperada chegada do fim, ele agarrou os cartões de crédito, ela agarrou seu celular. Ambos olharam para os diplomas enquadrado na parede aproximaram-se e abraçaram-se: "Pelo menos nos formamos!"

Sim, caro leitor, eu também me pergunto: e daí?