quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quando os anjos perdem as vozes.

Sinto sono.
Me levanto todos os dias atrasada. Não tenho muito ânimo, enquanto troco de roupa, entre uma tossida e outra, invento motivos para não ir, desculpas para ficar mais tempo deitada. Aí vou. Pego todos os apetrechos: bolsa, celular, baquetas, dinheiro e chave. Saio de casa como quem se arrasta, como se o tempo estivesse passando lento demais para me apressar.

Chego. Trabalho. Nem me irrito mais com as injustiças, com a falta de vontade e até a malandragem que me faz penar tão mais. A cabeça dói, pesa, os olhares que tanto irritavam, nem sequer os sinto. Não quero senti-los. Saio e almoço pouco. Me cansa a fila, a espera, a social do refeitório.

Volto para casa. Preciso descansar. Leio e-mails, como alguma fruta no meio da tarde e durmo como se nunca mais fosse acordar. Alguém bate na porta. Está na hora de ir para a aula. Nem troco de roupa: levanto, escovo os dentes, coloco um tênis, pego o estojo e algumas folhas e vou para a faculdade. Durmo na aula, respondo a chamada, volto para casa, leio outros e-mails, deito e durmo até acordar atrasada no dia seguinte.

Todos os dias se repetem. Exceto a cada três dias, quando meu cabelo já está nojento e eu preciso tomar um banho decente. Me esforço para ficar acordada até o cabelo secar, mas isso nunca funciona completamente.

Onde está minha vontade de viver? Onde está a vontade de participar da própria vida?

Um dia, meus caros, a saúde volta a bater em minha porta. E a felicidade vai ser tanta que a doença não vai sequer olhar para trás. Vai embora, simplesmente.

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