segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um organismo já fragilizado pela falta de costumes

Era uma dessas noites de primavera que às vezes invadem o inverno gelado. Lembranças também invadiam seus pensamentos.
Era como uma ressaca alucinante de idéias. Coisas que passaram, atitudes inexplicáveis começam a ser explicadas. Tanto medo, nostalgia, interesse... E queria sair correndo pela rua sem rumo certo e chorando e gritando e encontrar alguém que trouxesse um pouco de paz. Onde você está? Quem é você?

E não parece mesmo fazer sentido tudo isso agora. Algo em seu estômago diz que o coração quer pedir licença para bater quando quiser. Algo que parece uma dor, algo que parecem borboletas que voam desesperadas. E quando eu fecho os olhos quase me vêm lágrimas, soluços e soluções drásticas, mas nada acontece, tudo apenas escurece e os pensamentos não param. Nunca. De resto está tudo parado.
Fluxo contínuo de palavras e idéias. Nenhuma frase formada, apenas tudo jogado e embaralhado, tudo misturado. Tudo o quê? Sem sentimento, não.
A mente girando, movimentos acelerados e olhares lentos. No fundo sabe-se que nunca se dá conta daquilo que se chama limite. Imponha! Lute! Voe! Toda atitude é só uma forma de resistência a alguma coisa, sempre!

Mas quando abre os olhos novamente não há nada. Uma cama, roupas pelo chão, um espelho sujo e uma semana de alimentos enlatados. Não saia daí de dentro. Um surto. Um medo.
Eu sei: não há por que se importar, mas quando tudo está em movimento a gente nunca sabe se é o mundo ou a gente que está se mexendo. Agora olhe nos olhos de alguém e tente encontrar alguma explicação que realmente satisfaça por mais de sete dias.
Sair do mundo do futuro e entrar em um mundo que gira mais devagar escrevendo asneiras às três da manhã é tão perigoso quanto uma corda bamba sem rede de proteção. Já imaginou? A realidade paralela que te torna paranóico e entretido por imagens é a mesma que te explica com tapas na cara suas atitudes inúteis e inexplicáveis.

Não passo pelo vitrô de meu quarto dos fundos, caso contrário me atiraria do térreo para as estrelas.
“Queria a lua do céu/Queria a lua do mar.”
E no espelho encontra a solução de quem não sabe o que quer, mas continua buscando.
Se matou a poesia de seus tempos, peça-lhe o favor de parar de pensar em controlar tudo. Mas o gosto amargo e estrondoso em sua boca ainda faz lembrar como as coisas eram iguais. A guerra está mesmo para acabar?
Riso louco, vontade de nada além de sorrir sem se importar com o mundo. Olhares vagos e sem expressão, apenas olhares, como podem ser, e um pouco de urânio enriquecido.

Nunca fez sentido. Por que faria dessa vez?
Descubra dentro de você o que realmente importa e lembra alguma coisa.

E se tudo isso toca forte demais em seus braços e peitos e pernas, mantenha-se com os pés no chão, nada mais é do que o fim da brisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog