Começando a brincadeira

Palco apagado, nada se mexe. Começa a se acender uma luz que indica o foco no canto direito.Uma menina com vestido colorido brinca de bonecas.Há carrinhos, aviões, brinquedos em geral. Sem som. A platéia é quem escolhe o que se passa na mente da menina.Seu olhar é sereno, às vezes um pouco sonolento. Com movimentos doces e arredondados.Logo a luz vai se apagando e dando foco para o outro lado do palco.Um menino chora, mas não fala nada. Chora com gestos grandes, oposições de corpo. Dança em seu choro um misto de ballet contemporâneo e melancólico. Sem som, apenas seus passos e pulos ditam o ritmo. Às vezes sai de foco e volta como se fosse seu fim.Aos poucos vai silenciando e deitando como em um sono dramático, enquanto o foco se ofusca.No centro, novo foco: uma caixinha de música abertaCaem pétalas brancas e após alguns segundos, tornam-se vermelhas, abrindo um pouco mais a luz.Um Flavio "empierrotzado", todo de branco, entra curioso. Olha a bela e delicada bailarina que dança no espelho da caixinha. A pede para dançar consigo, mas sempre que a tira dali, ela pára.Faz suas acrobacias para a fria bailarina que gira congelada em cima do espelho. Conforme empolga-se, a bailarina torna-se real e é a menina. Abre-se o foco para o resto do palco.Dançam juntos por um tempo.Suas vestes brancas se misturam e o jogo de luzes vai mudando a cor do ambiente.Quando acaba a música da caixinha, congelam. Lentamente vão se movendo e tiram a roupa mais superficial, mostrando uma infinidade de flores e cores.Borboletas voam, risos, sorrisos, gargalhadas, piruetas, giros.Um pouco do Ballet congelado da bailarina e outro pouco da contemporânea melancolia de um Flavio.Aos poucos vão se separando, movimentos e música vão tornando-se lentos e a luz se apaga aos poucos.