Para não dizer que não falei das plantas carnívoras.
Eu usaria óculos de Sol numa noite de inverno só pra te olhar sem você saber.
Enquanto você senta no sofá e vê a vida passar, eu corro, não paro! Giro, giro mundo, girador. Olho para o céu, para o nada, levanto cedo tonta, tonteio. Respiro fundo num sorriso apressado. Não perco tempo, só perco a hora todos os dias. E foi perdendo a hora para o acaso que te perdi.
Seu olhar não diz mais nada. Nem da dor que isso me causa: o mestre silêncio.
E eu, que pensei que a despedida seria mais fácil quando você resistisse à sedução que, sem culpa ou razão, me movimenta só para não perder o costume de te ter aos meus pés. Até porque estar ao seu lado nunca foi suficiente e eu queria mais, queria assim um querer que pudesse fazer com que tudo desmanchasse no ar.
E desmanchou!(?!)
Mas gora existe algo na cor do seu cabelo, em como sorri quando está à vontade. Algo em seu sorriso sincero com aquele olhar que você faz para todas as flores, nenhuma exclusividade minha. Algo nas músicas que você cantava me olhando nos olhos e, agora, olhando para o nada ou para um alguém qualquer, ao lado de quem uma noite seria suficiente. Existe algo de verdade, que me prende na primeira fileira, que me deixa sem graça por fitar, sozinha e em vão, o além de você no foco de luz.
Um olho atravessado, que me olha e não mais me vê. Mais um alegórico vulto perdido numa multidão de cabeças vazias e apressadas. Imerso em seus porquês, você desliga o telefone sem pensar.
E eu continuo com palavras entaladas, enlatadas, que se prendem na garganta como milho de pipoca. Aí saem todas as outras palavras que eu poderia dizer, menos elas, elas não. Nunca é hora, lugar ou circunstância suficiente para deixá-las ir.
É... Vai ver o lugar ao seu lado no sofá esteja aconchegante.
Talvez aconchegante demais para alguém que não sossega, alguém como eu.
Sublimação líquida de Bauman ou algo que o valha.
E ainda não deixei de ler!
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