O coelho pergunta aos prantos:
- Por que você mentiu? Eu só perguntei porque queria fazer-lhe bem!
- Por que você não falou qual era a sua intenção? - questiona o rato.
- Na próxima vez lhe pergunto avisando que vais ganhar algo com a sinceridade.
O rato lambeu as mãos, passou-as nas orelhas redondas, deu as costas e saiu de ombros encolhidos resmungando para os parceiros:
- Coelho idiota, chora à toa.
Depois disso nunca mais ouviu-se o coelho falar. Passava longas horas observando o nada. Uns diziam tê-lo ouvido comentar com as borboletas que o nome daquilo era meditação, e que já não acreditava nos animais, gostaria de encontrar a paz longe dali. Permaneceu na floresta até seus dentes crescerem o suficiente para roer um tronco inteiro sozinho. O fez e com o tronco que roeu, criou um barco e saiu a navegar.
Nunca esteve tão em paz o senhor coelho; e os ratos, miseráveis, continuaram na floresta escura e úmida, enfiados em suas tocas e esconderijos, roubando e mentindo para conseguirem o que quisessem.
Poucos sabem, mas tempos depois uma gangue de corujas invadiu a toca dos roedores mascarados e destruiu todas as famílias. O plano era conhecido por todos os animais, mas nenhum ousou tentar ajudá-los. A verdade é que todos guardavam algum rancor por suas mentiras.
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